A Psicologia das Afinidades Ideológicas
Os apetites ideológicos que guiam o posicionamento político levam esquerda e direita ao radicalismo.
Prólogo
Goethe inclinou o frasco diante da janela de Weimar. Dois líquidos claros se tocaram e o vidro embaçou por um instante. Ele observou o turvo se desfazer e anotou algo no caderno. Chamou o fenômeno de afinidade eletiva. No romance que levaria o mesmo nome, publicado em 1809, aplicou o princípio químico à vida humana — pessoas que se atraem e se repelem como substâncias em reação, misturando-se, às vezes, até a destruição.
Séculos depois, essa expressão seria usada para descrever algo ainda menos previsível: as forças sutis que aproximam e repelem pessoas, ideias e ideologias.
Afinidades brutas
Duas gerações atrás, em uma floresta polonesa, homens comuns aprenderam o que significava ser atraído pelo mesmo tipo de força — a obediência a uma ideologia, a um grande líder, a um Führer. Eram voluntários da milícia nazista, trabalhadores e pais de família que, pouco a pouco, se acostumaram ao som seco das execuções. No início, uns vomitavam, outros pediam dispensa; outros permaneciam. Christopher Browning descreveu em Homens Comuns as cenas: corpos alinhados ao longo de valas, tiros à queima-roupa, cabeças explodindo como abóboras. E, no entanto, a rotina seguia — o sangue frio tornava-se virtude, e os que ficavam eram os que possuíam o temperamento certo para o trabalho, uma afinidade eletiva pela ideologia nacional-socialista e sua inerente brutalidade.
É comum pensar que os nazistas convenceram toda a Alemanha de suas crenças bizarras (não só as antiéticas e desastrosas, mas a bisonha mistura de ciência, esoterismo e paranormalidade). Mas isso provavelmente não é verdade.
Ideologias atraem pessoas que se sentem representadas por elas. Isso tem mais a ver com identificação do que com convencimento. Doutrinas revolucionárias, como nacional-socialismo e comunismo, precisam de gente disposta a quebrar ovos para fazer omeletes — ideia já atribuída a Göring, Lênin e Che. E, de algum modo, esses ovos sempre se parecem com pessoas. A revolução atrai os que têm o coração suficientemente frio para acreditar que o fim justifica os meios — e repele os que, ao primeiro disparo, descobrem que não nasceram para o altar do sacrifício coletivo.
Sistemas chamam para si as personalidades que os sustentam. Como substâncias químicas, ideias e pessoas se combinam conforme suas propriedades constitutivas — afinidades que, uma vez reunidas, catalisam reações difíceis de conter.
Ecos da Guerra Fria
Foi para entender esse magnetismo que nasceu a Psicologia Política. Não há um nascimento formal. Psicólogos e cientistas sociais já no século XIX ao XX tentavam explicar grandes eventos sociais — Comuna de Paris, Revolução Francesa, Fascismo, Nazismo — por meio da psicologia. Temos grandes exemplos disso, tais como Gustave Le Bon, Gabriel Tarde e Sigmund Freud. Mas é a tradição psicanalítica que inaugura a influência mais duradoura.
Wilhelm Reich, Erich Fromm e outros tentaram ‘psicanalisar’ a política, buscando compreender como milhões de pessoas — pais de família, açougueiros, engraxates, soldados, amáveis pais de família e outras pessoas “normais” — puderam aderir a ideologias políticas e compactuar com práticas tão nefastas como execuções em massa, campos de concentração e campos de trabalhos forçados, que mancham indelevelmente as doutrinas extremas à esquerda (União Soviética) e à direita (Alemanha). A explicação psicanalítica estaria numa reconstrução da infância cujo objetivo seria retraçar a formação de impulsos inconscientes não resolvidos.
Enquanto Reich e Fromm tentavam decifrar o fascismo pelo inconsciente, Theodor Adorno avançava em outra direção. Via na mente humana não apenas impulsos, mas estruturas estáveis, moldadas por cultura, autoridade e medo. Para ele, o autoritarismo não era um surto, mas uma arquitetura psicológica — um edifício invisível erguido dentro de pessoas comuns.
Theodor Adorno acreditava ter visto esse edifício de perto. Generosamente calvo, de olhar intenso e levemente assimétrico, a expressão sempre um pouco alarmada, ele se movia entre pilhas de papéis e partituras, como se pensasse em intervalos musicais. No escritório da Escola de Frankfurt, cercado de livros e de fumaça de cigarro, falava pausadamente, medindo cada palavra. “O fascismo não nasce apenas de circunstâncias políticas — ele se aloja na estrutura da personalidade”, dizia a seus alunos. Foi dessa convicção que surgiu A Personalidade Autoritária, uma das obras mais influentes (e controversas) das ciências sociais do século XX.
Publicado em 1950, o estudo combinava estatística, entrevistas e teoria crítica para tentar responder à pergunta que ecoava desde Nuremberg: como o autoritarismo se enraíza na mente comum? Adorno e sua equipe criaram escalas — entre elas a célebre F-Scale, de ‘fascismo’ — para medir traços de obediência cega, submissão à autoridade, rigidez moral e intolerância à ambiguidade. O objetivo era identificar um tipo psicológico predisposto à hierarquia e à agressão contra o diferente. Uma agressividade à serviço da proteção do status quo.
O livro descrevia esse perfil como produto de uma infância marcada por disciplina severa, repressão emocional e conformismo — muito comum na criação religiosa rígida, caracterizada por regras inflexíveis, culto à autoridade sobrenatural e cultural, marcada pela repressão de impulsos naturais. O adulto criado desse jeito teme a desobediência e projeta essa rigidez no mundo. Isso se reflete em seus apetites ideológicos. Para Adorno, o fascista não era uma anomalia histórica, mas o cidadão médio moldado por instituições autoritárias como a família e religião. A tese causou impacto e resistência. Adorno estava acusando a classe média do país que o abrigou de ser um covil de fascistas em potencial. Sua obra é clara em estabelecer nas democracias mais pungentes do mundo as raízes do totalitarismo.
Medindo ideologias
O trabalho de Adorno encerrou uma fase e abriu outra. Sua ambição teórica e sua leitura moral do mundo deixaram como herança tanto perguntas quanto vícios: a crença de que o fascismo era o único mal político digno de estudo. Nos anos seguintes, a psicologia política ainda carregaria esse viés da Guerra Fria — conceitualmente rica, mas metodologicamente frágil, disposta a julgar mais do que medir. Foi apenas quando a disciplina começou a adotar métodos empíricos — planilhas, amostras e estatísticas — que pôde dar o passo seguinte. Essa virada abriu espaço para pesquisadores como John Jost, que tentariam transformar antigas suspeitas ideológicas em hipóteses testáveis.
A virada começou nas décadas de 1980 e 1990, quando a psicologia social consolidou seus métodos e expandiu suas perguntas. Pesquisadores passaram a aplicar análises estatísticas sofisticadas, instrumentos padronizados e experimentos laboratoriais controlados. Nesse novo cenário, surge John Jost, da Universidade de Nova York — sorriso frouxo, cabelos lisos já grisalhos, um ar latino que contrasta com seu nome americanizado. Jost dedicou a carreira a investigar por que tantas pessoas defendem sistemas que as desfavorecem. Sua resposta ganhou forma na Teoria da Justificação do Sistema, uma das formulações mais citadas da psicologia política moderna.
Para Jost, o que está na base da justificação do status quo é o papel das ideologias políticas como calmantes: reduzem ansiedade, fornecem coerência e ajudam o indivíduo a manter a crença de que o mundo é previsível, mesmo que injusto, caótico e imprevisível.
Como apoio a essa hipótese, num estudo de 2004, Jost e colegas recrutaram mais de cinco mil participantes. Os resultados mostraram que grupos socialmente desfavorecidos — pobres, negros e latinos de baixa renda — apresentavam maior confiança no governo e maior aceitação da desigualdade. Há um paradoxo psicológico aí: quanto maior o sofrimento, maior a necessidade de acreditar que a ordem é justa. Se a realidade é justa, todos estão fazendo o máximo que poderiam fazer. Muita energia é poupada contra uma realidade que dificilmente mudará a despeito dos esforços à mão. Jost estava descobrindo uma forma de dissonância cognitiva aplicada à política.
Em A Decade of System Justification Theory, Jost mostrou que a defesa do sistema não é apenas racional, mas também inconsciente. Testes de associação implícita revelaram que grupos marginalizados internalizam crenças negativas sobre si mesmos — um reflexo automático da internalização da hierarquia social. Mesmo quem discorda conscientemente das desigualdades tende, em níveis implícitos, a reproduzi-las.
Essa disposição para justificar o status quo ganha o nome de conservadorismo — muito diferente do conservadorismo filosófico de Burke ou Scruton, mais filosóficos do que psicológicos. Em 2003, uma meta-análise de 88 amostras em 12 países mostrou que o conservadorismo psicológico está associado à busca por previsibilidade, segurança e fechamento cognitivo (o contrário de ambiguidade). Trata-se de uma vantagem psicológica na medida em que protege da ansiedade, mas cobra seu preço em rigidez e resistência à mudança.
A conclusão é menos moral que fisiológica: grande parte das afinidades políticas nasce do impulso de aliviar o desconforto. Quando o medo ou a incerteza apertam, ninguém pensa em verdade objetiva, apenas em segurança, coerência, abrigo. É assim que evoluímos: buscando sentido antes de buscar precisão. As ideologias são, nesse sentido, abrigos emocionais travestidos de teorias racionais.
O homem que mediu o autoritarismo
Ele ajusta o fone de ouvido, o brilho da tela refletindo nos óculos, e começa a falar com o entusiasmo de um professor em plena aula. O som do microfone falha por um instante, mas ele não se detém; gesticula, anota nomes de políticos e ri antes de formular uma crítica. De voz firme, mas pausada, comenta as notícias, as teorias, as pesquisas. Do outro lado da videochamada, é Bob Altemeyer, professor de psicologia na Universidade de Manitoba, no Canadá.
Depois de ler uma penca de artigos acadêmicos e passar os olhos pelos seus livros, fiquei imaginando como seria o homem incansável, empolgado, enérgico, como na cena acima, totalmente imaginada por mim.
Mas Altemeyer morreu aos 83 anos, em 2024 — uma nota discreta que ele talvez preferisse ver perdida no rodapé de uma de suas próprias pesquisas. Sua vida acadêmica foi marcada por premiações, artigos e livros, tais como The Authoritarian Specter (1996), Enemies of Freedom: Understanding Right-Wing Authoritarianism (1981) e The Authoritarians (2006).
Seu livro mais recente, The Authoritarian Nightmare (2020), é uma análise de Donald Trump. O psicólogo e seu coautor John W. Dean consideram Trump um narcisista com uma necessidade incessante de atenção e elogios, doutrinado por seu pai autoritário “para intimidar e controlar os outros”, cujo comportamento intimidador era evidente desde a infância.
Altemeyer é lembrado, sobretudo, pela criação da RWA Scale (Right-Wing Authoritarianism), uma versão refinada da Escala F de Adorno. Seu instrumento buscava medir, com a precisão de um termômetro moral, a submissão à autoridade e a agressividade em nome dela. Os que pontuavam alto tendiam a exibir pensamento e comportamento convencionais, religiosidade intensa, preconceito contra grupos externos e resistência à igualdade de oportunidades. “Têm apenas uma crença superficial na liberdade e na democracia”, escreveram ele e John Dean em The Authoritarian Nightmare. Quando falam em liberdade, referem-se à própria. Acreditam ser indulgentes consigo e implacáveis com os que consideram inferiores. No limite, o autoritário é o conservador levado ao extremo.
Nas décadas de 1980 e 1990, pesquisadores cruzaram o país com pranchetas e fitas cassete, visitando gabinetes abafados de legisladores estaduais. Alguns respondiam com pressa, outros demoravam, escolhendo palavras e pausas. Quando os resultados chegaram, os números eram quase uníssonos: os republicanos, em sua maioria, pontuavam mais alto na escala RWA que os democratas. No Sul, especialmente, as respostas vinham carregadas de deferência à autoridade e de um orgulho moral inabalável. Altemeyer notou o padrão — quanto mais rígido o conservadorismo religioso, maior o autoritarismo. As altas pontuações coincidiam com atitudes punitivas, apoio a políticas de lei e ordem e desconfiança em relação à mudança.
A RWA Scale se consolidou como o padrão para medir o autoritarismo, revelando que a busca por líderes fortes cresce em tempos de medo e instabilidade.
Mas há um elefante na sala — e ele é histórico. A visão clássica da psicologia social tratou o autoritarismo como fenômeno exclusivamente de direita. Era uma marola d’A Personalidade Autoritária de Adorno que a essa altura ignorava o óbvio: regimes autoritários floresceram com a mesma força no espectro oposto. União Soviética, China, Camboja, Cuba, Romênia — todos produziram suas próprias marchas, bandeiras e hinos à obediência. Todos massacraram a dissidência. A cena que abre esta seção poderia ocorrer em qualquer um desses países.
O paradoxo é simples: a escala de Altemeyer descrevia com precisão o autoritarismo de direita, mas deixava sua contraparte no escuro. As críticas vieram tarde, porém certeiras — como explicar uma ferramenta científica que ignorava metade do fenômeno? O próprio Altemeyer admitiu tratar de um tipo psicológico mais comum em contextos conservadores (conceito que psicólogos políticos definem de forma ideologicamente não específica, mas frequentemente usam como sinônimo de direita) e, com ironia, chamou o autoritarismo de esquerda de “Monstro do Lago Ness”. Essa lacuna abriria espaço para a próxima geração de pesquisadores — os que tentariam capturar, enfim, o tal monstro.
A outra ponta da ferradura
Por muito tempo, o autoritarismo de esquerda foi o Monstro do Lago Ness da psicologia política — um mito que muitos buscavam, mas ninguém encontrava. O ceticismo em torno dele tem duas raízes.
A primeira é histórica: herança de Adorno, que via o extremismo de direita como o grande mal do século XX e ignorava as atrocidades cometidas à esquerda. Décadas de silêncio científico (e algumas passadas de pano) se seguiram aos expurgos de Stalin, ao terror cambojano e aos paredões cubanos.
A segunda é psicológica: manter regimes de esquerda exigia o mesmo tipo de disciplina e medo da desordem que Altemeyer identificara entre conservadores. Stalin podia falar como revolucionário, mas agia como quem teme perder o controle. O autoritarismo de esquerda, visto de perto, não é um oposto — é um espelho invertido. Quando a esquerda (os menos psicologicamente conservadores) chegam ao poder precisam manter a ordem para poder governar; isso os joga direto no mesmo conservadorismo psicológico que antes criticavam nas ideologias de direita. E quando direita e esquerda se esticam demais, curvam-se, até que seus extremos quase se tocam.
Pesquisas empíricas confirmam que o autoritarismo de esquerda não é apenas uma hipótese. Um levantamento em 13 democracias ocidentais confirmou que o autoritarismo de esquerda é mensurável e previsível: a intolerância, o moralismo e o impulso punitivo não têm ideologia fixa — apenas direção invertida.
Também foram identificados indícios preliminares de que sentimentos de raiva e ressentimentos ligados à motivos de esquerda têm crescido de maneira organizada nas redes sociais. Num estudo de 2019, pesquisadores mostraram, com base em dados de países pós-comunistas, que esse tipo de autoritarismo tem raízes históricas detectáveis: viver sob regimes comunistas aumentou a probabilidade de as pessoas manterem atitudes autoritárias ao mesmo tempo em que se autodenominavam esquerdistas. Esses padrões, transmitidos entre gerações, ajudam a explicar por que o autoritarismo de esquerda permanece vivo mesmo após a queda dos regimes socialistas. A evidência reforça que o fenômeno não é mito nem simetria teórica — é um legado social e psicológico mensurável, inscrito nas culturas que o geraram.
Em 2022, num estudo entitulado Clarifying the structure and nature of left-wing authoritarianism, Thomas Costello e colegas mostraram que, mesmo em países que nada tiveram a ver com os regimes comunistas de outrora, ativistas radicais anticapitalistas, movimentos anarquistas autoritários e facções extremas de partidos socialistas e comunistas que defendiam censura, violência política e punições a opositores — grupos que, paradoxalmente, se encaixavam no perfil medido pelas escalas de autoritarismo de direita. Obediência cega ao líder, disposição à censura e agressividade contra dissidentes aparecem em níveis semelhantes entre extremistas de ambos os espectros.
Parece que o lendário monstro do Lago Ness foi capturado. A escala de autoritarismo de esquerda resultante do estudo de Costello (LWA) foi elaborada por meio do uso dos mesmos parâmetros de Altemeyer — obediência a líderes, intolerância à dissidência, moralismo e disposição à violência política. O alvo mudou, o mecanismo não. A retórica, agora progressista, movia-se pelos mesmos medos e pela mesma fome de coerência absoluta. As pesquisas confirmaram: o autoritarismo de esquerda existe e partilha a mesma arquitetura psicológica do de direita — apenas troca os papéis, mas conserva o impulso de impor ordem a um mundo que resiste.
Pesquisas ainda mais recentes refinam esse retrato. Um estudo de 2024 identificou perfis distintos de autoritários: alguns movidos pela obediência e pelo conformismo, outros pela agressão e punição moral. A análise revelou que tanto pessoas de direita quanto de esquerda combinam esses traços em graus variados. O autoritarismo não é um bloco único, mas uma família de padrões psicológicos, com intensidades e formas diversas. O mapa das afinidades humanas é mais sinuoso do que as linhas que dividem ideologias políticas.
É como duas coalizões de chimpanzés: uma tenta conservar o poder, a outra investe energia em destronar o alfa. No fim, os papéis se invertem — os revolucionários de ontem tornam-se os guardiões da ordem. Não existe governo revolucionário; apenas novos conservadores sob outra bandeira.
O final
Depois de observar o jogo de forças entre extremos que acabam se tocando, retorno ao nosso ponto de partida. As afinidades que unem e repelem ideias seguem a mesma química antiga de Goethe, onde substâncias se encontram, reagem e se transformam.
Goethe teria reconhecido o padrão. As afinidades que unem ideologias e temperamentos são previsíveis. A história continua sendo um laboratório onde crenças e personalidades se misturam, às vezes em harmonia, às vezes em combustão. Nada escapa: o medo do caos, o consolo da ordem, a vontade de seguir alguém que prometa sentido e salvação.
As escalas e gráficos apenas colocam números onde antes havia intuição. Diante dos frascos em Weimar, Goethe talvez sorrisse. O fogo tremularia como antes, refletido no vidro. As substâncias reagiriam com a mesma paciência, produzindo o mesmo brilho, o mesmo vapor. A política não é muito diferente — um conjunto de elementos que se misturam e se repelem, reagindo conforme suas naturezas. Sob calor suficiente, sempre revelam o que já eram desde o início.