Razões Apolíticas para Odiar Política
Eu odeio política. Parte do motivo, para ser honesto, é que eu sou um libertário, e opiniões libertárias não têm quase nenhuma influência no mundo da política. Os libertários não apenas perdem toda eleição; os artífices de políticas normalmente rejeitam sumariamente nossa posição. Os libertários não apenas falham em controlar um partido com maioria; "político libertário bem sucedido" é quase um oxímoro.
Mas a derrota perene não é a única razão para eu odiar política. Refletindo a respeito, eu odiaria política mesmo se minhas opiniões se encaixassem perfeitamente, palavra a palavra, nas de Hillary Clinton ou Donald Trump. Na verdade, eu odiaria política mesmo se eu pensasse que as propostas correntes fossem o ápice da sabedoria. Por que? Porque eu odeio o jeito que as pessoas pensam sobre política, independentemente do resultado final.
Eu odeio a hipérbole da política. As pessoas deveriam falar a verdade literal e equilibrada, ou ficar em silêncio.
Eu odeio o Viés da Desejabilidade Social na política. As pessoas deveriam descrever a realidade como ela é, não bajular a ilusão confortável.
Odeio o analfabetismo matemático da política. As pessoas deveriam se focar no que é quantitativamente importante, não no que é emocionante para as massas.
Odeio a autoconfiança excessiva da política. As pessoas não deveriam fazer alegações nas quais não estão preparadas para apostar, e não deveriam declarar certeza ao menos que estejam preparadas para apostar tudo o que têm contra um centavo no contrário.
Odeio o tendenciosismo pelo próprio lado da política. As pessoas deveriam lutar para serem justas para com grupos dos quais não fazem parte, e monitorar rigorosamente seus próprios grupos, para agir contra nossa tendência humana natural de fazer o contrário.
Odeio a mentalidade de "vencer prova que eu tenho razão" da política. Vencer só prova que suas opiniões são populares, e opiniões populares frequentemente estão erradas.
Por último, mas não menos importante:
Eu odeio as desculpas que as pessoas dão para cada um dos males acima. Enquanto estou aberto a argumentos consequencialistas para causar males que vêm para o bem, a maioria dos argumentos desse tipo são profundamente contaminados pelo analfabetismo matemático e pelo excesso de autoconfiança. Se você pesa calmamente os benefícios sociais da hipérbole política, faz as contas cuidadosamente, e conclui a contragosto que ela é justificada em casos específicos, sou todo ouvidos. Mas se você defende a hipérbole com um deleite casual e indiscriminado, a vida é curta demais para lhe ouvir.
P. S.: Enquanto eu odeio o modo como as pessoas se comportam na política, eu enfaticamente não odeio as pessoas em si. A política é apenas uma pequena faceta da vida da maioria das pessoas, então os apolíticos bons normalmente superam em muito os politizados ruins.
Publicado originalmente em EconLog, 27 de setembro de 2016.
Tradução: Eli Vieira
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